Justiça determina penhora de ações do dono da Avibras em meio à crise da empresa

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Foto: Roosevelt Cássio

A Justiça de São Paulo determinou a penhora das ações de João Brasil Carvalho Leite, proprietário da Avibras Indústria Aeroespacial, atendendo a um pedido da Brasil Crédito Gestão de Fundos de Investimentos. A decisão foi proferida pela juíza Renata Manzini, da 37ª Vara Cível de São Paulo, e ainda cabe recurso.

A Avibras enfrenta uma grave crise financeira e está em recuperação judicial, acumulando dívidas estimadas em cerca de R$ 1 bilhão. Além da penhora das ações, a Justiça determinou que a empresa apresente um balanço especial em até dez dias, enquanto a Brasil Crédito deve fornecer um cálculo atualizado da dívida.

Assembleia de credores e mobilização dos trabalhadores

No dia 11 de março, será realizada a assembleia geral de credores da Avibras, marcada pela 2ª Vara Cível da Comarca de Jacareí. O encontro ocorre após petições da Brasil Crédito e do BNDES, ambos credores da empresa. O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, também participará da reunião, representando os funcionários.

Antes disso, nesta quinta-feira (27), o Sindicato fará uma assembleia com os trabalhadores da Avibras para discutir a situação da empresa e os impactos das decisões recentes.

A pior crise da história da Avibras

Reconhecida mundialmente pelos produtos e sistemas que desenvolve nos setores aeroespacial, eletrônico, veicular e de Defesa, a Avibras vive sua pior crise. Desde 2020, não há produção contínua e em larga escala na fábrica localizada em Jacareí (SP).

Os problemas financeiros resultaram em uma greve que já dura 22 meses, motivada pelo atraso no pagamento dos salários dos funcionários. Além disso, o corte no fornecimento de energia elétrica, devido a contas não pagas, agravou ainda mais a situação da empresa.

Negociações para um possível investimento

Em meio à crise, a Avibras anunciou no dia 31 de janeiro que negocia um possível investimento com a empresa saudita Black Storm Military Industries. O objetivo seria viabilizar a recuperação econômico-financeira da fábrica. No entanto, quase um mês após o anúncio, não houve atualizações sobre o andamento dessas negociações.

No ano passado, a empresa também buscou acordos com a australiana DefendTex e com um investidor brasileiro, mas nenhuma das tratativas foi concluída. Essa incerteza tem aumentado a preocupação dos trabalhadores, que seguem sem perspectiva de receber seus salários e sem informações concretas sobre o futuro da empresa.

Pressão sobre o governo federal

Diante da crise, o Sindicato dos Metalúrgicos intensificou as cobranças ao governo federal, reivindicando medidas para a regularização dos salários e a retomada das atividades da Avibras.

Segundo o Sindicato, o governo afirmou que só voltaria a investir na empresa caso João Brasil deixasse o comando da fábrica. Com a decisão judicial sobre a penhora de suas ações, cresce a expectativa de que essa mudança ocorra.

“João Brasil fez uma gestão desastrosa e é o responsável direto pelo drama dos trabalhadores. Mas nós não escolhemos os empresários. Para o Sindicato, todo empresário é capitalista, e o nosso posicionamento é sempre na defesa dos direitos dos trabalhadores. Agora, com essa decisão da Justiça e, se for confirmada a saída de João Brasil, vamos exigir que o governo federal cumpra sua promessa e invista na Avibras”, afirmou Weller Gonçalves, presidente do Sindicato.

Fonte: sindmetalsjc.org.br/

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