Os manguezais do Litoral Norte paulista e de todo o litoral de São Paulo serão alvo de um estudo inédito no país. A pesquisa, conduzida pela Fundação Florestal (FF) em parceria com o Centro de Pesquisa em Carbono na Agricultura Tropical (CCarbon), da USP, vai avaliar e mapear os estoques de carbono presentes nesses ecossistemas.
A iniciativa pretende quantificar o carbono azul – nome dado ao CO₂ retido por ecossistemas costeiros e marinhos – e mensurar o valor dos serviços ambientais prestados pelos manguezais, fundamentais para a biodiversidade e para o equilíbrio climático.
Importância para o Litoral Norte
A pesquisa terá um impacto direto em regiões como Caraguatatuba, São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba, onde os manguezais ocupam áreas estratégicas próximas a comunidades tradicionais e zonas urbanas. “Cada bosque de mangue é diferente entre si, sofrendo maior ou menor influência de ocupações urbanas ou da maré. Isso pode afetar a retenção de carbono e precisa ser mensurado”, explica a oceanógrafa Julia Lima, monitora do Programa de Gestão Integrada de Manguezais da Fundação Florestal.
Segundo Julia, o estudo ajudará a identificar quais áreas têm maior potencial de sequestro de carbono e quais estão mais vulneráveis. “Esses dados serão fundamentais para direcionar políticas públicas, compensações ambientais e até ampliar as unidades de conservação no litoral paulista”, completa.
Coleta de amostras e análise
O trabalho de campo vai coletar 2 mil amostras de solo em diferentes pontos do litoral paulista, incluindo áreas dentro e fora de unidades de conservação. O CCarbon da USP será responsável por processar o material em laboratório e produzir relatórios técnicos.
Além do carbono, as amostras também serão analisadas para detectar elementos tóxicos como arsênio, chumbo, cobre, mercúrio e zinco, o que permitirá identificar o grau de contaminação do solo.
Estoque de carbono é cinco vezes maior que o de florestas terrestres
Os manguezais possuem uma capacidade de sequestro e armazenamento de carbono até cinco vezes maior que as florestas terrestres, principalmente porque retêm grande quantidade de matéria orgânica no solo. “Esse material pode permanecer armazenado por centenas de anos, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas”, destaca Julia.
Proteção e sustentabilidade
O estudo também avaliará o papel das unidades de conservação no Litoral Norte na proteção do ecossistema. Hoje, o estado de São Paulo possui cerca de 31 mil hectares de manguezais, sendo 14 mil em áreas protegidas.
“Queremos atestar se os manguezais dentro dessas unidades estão menos contaminados e mais preservados. Isso nos dá argumentos para ampliar a proteção e criar novas áreas de conservação, especialmente em regiões mais vulneráveis”, afirmou Julia.
Programa completa um ano
O levantamento coincide com o primeiro aniversário do Programa de Gestão Integrada de Manguezais, criado pela Fundação Florestal em julho de 2024. O programa atua em quatro eixos: biodiversidade, bioeconomia, educação ambiental e pesquisa sobre mudanças climáticas.
Segundo Julia, a preservação dos manguezais traz benefícios diretos às comunidades locais e pode gerar economia aos cofres públicos. “Esses ecossistemas já prestam um serviço ambiental enorme. Se investirmos na conservação, poderemos reduzir gastos com estratégias de adaptação climática e mitigação de desastres”, reforça.
Fonte: Alesp
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