Trabalhadores de São José dos Campos defenderam a medida como forma de garantir empregos e a continuidade da produção nacional de defesa.
A estatização da Avibras, uma das principais indústrias bélicas do Brasil, foi tema de audiência pública realizada na quarta-feira (15), na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, em Brasília. O encontro discutiu o Projeto de Lei 2957/2024, de autoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que propõe a desapropriação da empresa.
O debate contou com a presença de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, trabalhadores da fábrica e entidades sindicais nacionais. A categoria defende a estatização como alternativa para evitar o fechamento definitivo da empresa e preservar empregos no setor de defesa.
Greve histórica e atraso salarial
Os funcionários da Avibras enfrentam salários atrasados há 31 meses e estão em greve desde 9 de setembro de 2022, em um dos movimentos mais longos da história sindical brasileira.
Para acompanhar a audiência, 31 trabalhadores viajaram de ônibus de São José dos Campos a Brasília, em uma jornada de 18 horas organizada pelo Sindicato.
Durante a audiência, o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves, destacou a gravidade da situação e defendeu a intervenção direta do governo federal.
“Esta é a terceira grande crise da Avibras. O governo precisa agir para salvar empregos e garantir a soberania nacional. A prioridade agora é o pagamento dos salários e a retomada das atividades. Por soberania e garantia de direitos: estatização da Avibras, já!”, afirmou.
Depoimentos emocionados
Trabalhadores com décadas de casa também se manifestaram.
O diretor sindical Sérgio Henrique Machado, com 35 anos de empresa, relatou as dificuldades vividas pelos colegas:
“As pessoas estão adoecendo, já perdemos três companheiros. Muitos estão endividados e sem perspectiva. A situação é desesperadora, precisamos de uma solução urgente”, disse.
Outro funcionário, Hélio Augusto, com 41 anos de Avibras, lembrou a importância da empresa para o setor aeroespacial brasileiro:
“A Avibras tem tecnologia de ponta, produz foguetes, mísseis, satélites e equipamentos estratégicos para a soberania nacional. Precisamos salvar essa indústria que tanto orgulhou o país”, destacou.
Situação emergencial
O dirigente da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates (Mancha), comparou o cenário vivido pelos trabalhadores a uma catástrofe social:
“É algo semelhante a um terremoto na vida dessas famílias. Essa é uma situação de emergência que exige medidas excepcionais e imediatas, como a estatização”, afirmou.
Próximos passos
Para que a proposta avance, o Projeto de Lei 2957/2024 precisa tramitar pelas comissões temáticas da Câmara, ser aprovado em plenário e depois sancionado pela Presidência da República. Até lá, os trabalhadores e o Sindicato prometem seguir mobilizados pela reativação da empresa.
Foto: Roosevelt Cássio
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