Crise na Avibras se arrasta com nova suspensão de assembleia

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Foto: Reprodução / sindmetalsjc

A Assembleia Geral de Credores da Avibras Indústria Aeroespacial, sediada em Jacareí, foi novamente suspensa nesta quinta-feira (10), após solicitação do fundo de investimentos Brasil Crédito. A nova data para a retomada está marcada para 13 de maio.

O Brasil Crédito, que tem R$ 180 milhões a receber da empresa, manifestou interesse em assumir o controle da Avibras e pretende apresentar um plano alternativo ao atual processo de recuperação judicial. Segundo o representante do fundo, Eduardo Munhoz, o plano vigente é inviável e o principal obstáculo para a recuperação seria o atual proprietário, João Brasil Carvalho Leite.

Plano inclui dívidas até 2022

O novo plano que será apresentado pelo Brasil Crédito contemplará as dívidas da Avibras contraídas até 18 de março de 2022. Recentemente, o fundo obteve na Justiça a penhora das ações do empresário João Brasil.

Funcionários estão sem salários há dois anos

Durante a assembleia, o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, reforçou que buscará diálogo com o Brasil Crédito para negociar o pagamento das dívidas trabalhistas. Os trabalhadores da Avibras estão há 24 meses sem receber salários e seguem em greve desde 9 de setembro de 2022.

Qualquer grupo que assuma o comando da empresa terá que dialogar com o sindicato para garantir o pagamento dos salários e a retomada das atividades na fábrica.

Avibras não apresenta informações sobre negociação com sauditas

Mais uma vez, a Avibras não prestou esclarecimentos sobre as negociações com a empresa saudita Black Storm Military Industries. Na assembleia anterior, realizada em 18 de março, a própria Avibras havia pedido a suspensão da reunião com a promessa de apresentar novidades sobre esse possível acordo — o que não aconteceu.

“O representante da empresa não trouxe nenhuma informação. É uma situação lamentável. Os trabalhadores estão passando fome e continuam sendo ignorados. Já chega de enrolação”, disse Weller Gonçalves, presidente do Sindicato.

BNDES é cobrado por omissão

Durante o encontro, Weller também cobrou uma postura mais firme do BNDES, que esteve presente na reunião. Em março, o banco já havia solicitado à Justiça a intimação da empresa para apresentação de documentos, sob risco de decretação de falência.

O sindicato defende a estatização da Avibras como alternativa viável e acusa o Governo Federal de omissão diante da crise enfrentada pelos trabalhadores e pela empresa.

“Se a empresa deve ao BNDES, à Finep e aos trabalhadores, ela precisa ser estatizada. O governo tem responsabilidade nesse processo e precisa agir”, concluiu Weller.

Fonte: sindmetalsjc.org.br/

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